A Pena da Galinhola
Esta história passou-se há muito tempo. Há muito e muito tempo, tanto que eu já não sei se me lembro dela toda.
Começa com um lavrador que ia para a sua lavoura, pelo meio do mato. Nisto viu uma cobra a lutar com uma galinhola. O lavrador, já se vê, tomou partido da galinhola e deu uma grande sacholada na cobra que se partiu em duas, cabeça para um lado, rabo para o outro.
Então a galinhola falou assim:
- Eu sou o génio do bem e tu acabas de salvar-me do génio do mal. Podes pedir-me o que quiseres.
O lavrador não se fez rogado. Disse que lhe tinha acabado de nascer uma filha e que, como bom pai, queria para a menina tudo o que de melhor houvesse.
Disse a galinhola:
- A tua filha há-de ser formosa, bem prendada.
- E muito curiosa - acrescentou a cabeça da cobra, que ainda rabiava.
Tanto se cumpriria a sentença do génio do bem como a do génio do mal. A galinhola deu uma pedra do chão ao pai da menina e recomendou-lhe:
- Guarda esta pedra contigo, que é um talismã para proteger a tua filha. Mas que ela nunca lhe pegue.
O pai assim fez. Guardou a pedra numa gaveta e fechou-a à chave. Só ele e a mulher sabiam o que a pedra valia.
A menina cresceu. Um dia, os pais esqueceram-se da chave em casa. A menina, que era muito curiosa, foi abrir a gaveta. De lá tirou a pedrinha. Atirou-a pela janela fora.
Logo ali se armou uma grande tempestade que arrebatou a menina pelo ar. Ia morrer pela certa.
Mas uma pena de galinhola rodopiou à volta da menina, que a ela se agarrou como um náufrago se agarra à última salvação de um madeiro. A pena sustentou-se no ar e, depois, poisou-a, sã e salva, no chão.
O resto desta história muito antiga já não me lembro bem, mas parece que a menina foi ter aos jardins de um palácio, onde estava um príncipe que tinha perdido a pena do chapéu. Está-se mesmo a ver como a história vai acabar.
Por António Torrado | Cristina Malaquias- História do dia
3 comentários:
Eu gostei muito de ler esta historia.
E boas festas para a professora da sua aluna Andreia.
Obrigada. Um ótimo ano de 2013 para ti e para a tua família.
Beijinhos e até 5ª feira.
Prof. Joana
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